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Térmica dos Edificios

Table of Contents

Resumo

Conjunto de apontamentos sobre a Térmica dos Edifícios. As condições descritas são feitas perante a legislação portuguesa.

1 Part 1

Existem três processos distintos de transmissão de calor:

  1. Condução
  2. Convenção
  3. Radiação

1.0.1 Condução

O calor transmite-se por contacto entre as moléculas de um corpo, ou de vários corpos contínuos. Contrariamente à convenção, não há deslocamento de matéria.

1.0.2 Convenção

Passagem de calor de uma zona para a outra de um fluído através de movimentos relativos das partículas que o formam. Quando este fluído encontra um sólido há troca de calor entre o fluído e o sólido.

1.0.3 Radiação

Libertação de energia calorifica sob a forma de ondas electromagnéticas semelhantes à luz. Quanto mais quente estiver o corpo, mais energia liberta.

1.0.4 Fluxo de calor, \(\phi\) [W]

Quantidade de calor que passa através de uma determinada superficie por unidade de tempo

1.0.5 Condutibilidade Térmica De Um Material, \(\lambda\) [\(W/m℃\)]

Fluxo de calor que percorre \(1 m^{2}\) de uma parede com 1 metro de espessura desse material, desde que a diferença de temperaturas entre as duas faces dessa parede seja de 1 grau Celsius.

Condutibilidade Térmica depende:

  1. Peso especifico
  2. Porosidade
  3. Humidade
  4. Temperatura

1.0.6 Resistência Térmica de um Elemento, \(R_{G}\)

Para elementos compostos por uma ou mais camadas de materiais homogéneos:

\[{ R }_{ G }=\frac { 1 }{ { h }_{ i } } +\sum _{ i=1 }^{ n }{ \frac { { e }_{ i } }{ { \lambda }_{ i } } +\frac { 1 }{ { h }_{ e } } } \] em que,

  1. \(e\) é a espessura do material
  2. \(\lambda\) é a condutibilidade térmica
  3. \(\frac { 1 }{ { h }_{ i }}=R_{Si}\), resistência térmica superficial interior
  4. \(\frac { 1 }{ { h }_{ e }}=R_{Se}\), resistência térmica superficial exterior.

1.0.7 Resistência Térmica Superficial [\(m^{2}.^{\circ} C/W\)]

Resistência devida a uma fina camada de ar em repouso, junto às superficies, em que a transmissão de calor é efetuada por convenção e radiação.

Ver despacho: 15793-K/2013

  1. \(R_{si}\) é a Resistência Térmica interior
  2. \(R_{se}\) é a Resistência Térmica Exterior
Sentido do Fluxo de Calor \(R_{se}\) \(R_{si}\)
Horizontal 0.04 0.13
Vertical Ascendente 0.04 0.10
Vertical Descendente 0.04 0.17

1.0.8 Condutância Térmica, \(U_{P}\), [\(m^{2}.^{\circ} C/W\)]

Quantidade de calor por unidade de tempo que atravessa uma camada de uma dada espessura e de área do elemento por unidade de diferença de temperatura entre as duas faces

1.0.9 Coeficiente de Transmissão Térmica, U, [\(m^{2}.^{\circ} C/W\)]

Quantidade de calor por unidade de tempo que atravessa uma superficie de área unitária desse elemento da envolvente, por unidade de diferença de temperatura entre os ambientes que ele separa. Para elementos compostos por uma ou mais camadas de materiais homogéneos, em camadas de espessura constante:

\begin{equation} U=\frac { 1 }{ { R }_{ G } } =\frac { 1 }{ { R }_{ si }+\sum _{ j }^{ }{ { R }_{ J }+{ R }_{ se } } } \end{equation}
  1. \(R_{G}\) é a Resistência do Elemento.
  2. \(R_{J}\) é a Resistência Térmica da camada.

Para elementos ou materiais heterogéneos

\begin{equation} { U }_{ P }=\frac { \sum _{ i=1 }^{ n }{ { U }_{ i }\times { S }_{ i } } }{ \sum _{ i=1 }^{ n }{ { S }_{ i } } } \end{equation}

em que \(S_{i}\), em \(m^{2}\), é a área de elemento i com condutância \(U_{i}\)

1.0.10 Resistência Térmica dos Espaços de Ar

A resistência térmica dos espaços de ar, é considerada no cálculo de U, se:

  1. Para elementos fabricados em obra o espaço de ar é \(\ge\) 15mm.
  2. Para elementos pré-fabricados o espaço de ar é \(\ge\) 5mm.

Caracterização do Grau de Ventilação dos espaços

  1. Paredes: a partir do quociente entre a área total do orifício de ventilação(s) e o comprimento da parede (L).
  2. Coberturas e elementos inclinados : a partir do quociente entre a área total de orifício de ventilação(s) e a área do elemento em estudo (A).

Classificação dos Espaços

  1. Não ventilados
  2. Fracamente ventilados
  3. Fortemente ventilados

Ver Despacho 15793-K/2013, para espaços não ventilados. Em alternativa, pode-se usar os valores indicados na EN ISO 6946 e nas publicações do LNEC, sobre o coeficiente de transmissão térmica.

Para espaços de ar com espessura superior a 300mm, não deve ser considerada uma resistência térmica única. Esse espaço deve ser considerado um espaço não útil, sendo que o balanço de perdas e ganhos deverá ser feito de acordo com a norma EN ISO 13789.

1.0.11 Regulamento do desempenho Energético dos Edificíos de Habitação REH

Aprovado pelo DL 118/2013 de 20 de Agosto

  • O presente diploma visa assegurar e promover a melhoria de desempenho energético dosedifícios através do Sistema de Certificação Energética (SCE), que integra o Regulamento de Desempenho Energético em Edifícios de Habitação (REH), e o Regulamento de Desempenho Energético em Edifícios de Comércio e Serviços (RECS).
  • O presente diploma transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º 2010/31/EU do Parlamento Europeu e do Concelho, de 19 de maio de 2010, relativa ao desempenho energético dos edifícios.

DEFINIÇÕES

  • «Água quente sanitária» ou «AQS», a água potável aquecida em dispositivo próprio, com energia convencional ou renovável, até uma temperatura de 45º, e destinada a banhos, limpezas, cozinhas e fins análogos.
  • «Área de cobertura», a área, medida pelo interior, dos elementos opacos da envolvente horizontais ou com inclinação inferior a 60º que separem superiormente o espaço interior útil do exterior ou de espaços não uteis adjacentes.
  • Área interior útil de pavimento, o somatório das áreas medidas em planta pelo perímetro interior, de todos os espaços interiores úteis pertencentes ao edifício ou fração em estudo no âmbito do REH. (…)
  • Armazéns, estacionamento, oficinas e similares, os edifícios ou frações que, no seu todo, são destinados a usos para os quais a presença humana não é significativa, (…)
  • Cobertura inclinada, a cobertura de um edifício que disponha de uma pendente igual ou superior a 8%.

Artigo 22.º

OBJETIVO: O REH estabelece os requisitos para os edifícios de habitação, novos ou sujeitos a intervenções, bem como os parâmetros e metodologias de caracterização do desempenho energético, em condições nominais, de todos os edifícios de habitação e dos seus sistemas técnicos, no sentido de promover a melhoria do respetivo comportamento térmico, a eficácia dos seus sistemas técnicos e a minimização do risco de ocorrência de condensações superficiais nos elementos da envolvente.

Âmbito de Aplicação SCE:

  1. Edificios Novos
  2. Edificios sujeitos a grande intervenção
  3. Todos os edificios (sempre que entrem em venda ou locação)
  4. Edificios de comércio e de serviços
  5. Edificíos Públicos

Ficam *excluidos do SCE:*

  1. As instalações industriais, agricolas ou pecuárias
  2. Os edificios utilizados como local de culto
  3. Os edifícios ou frações exclusivamente destinadas a armazéns, estacionamento, oficinas e similares.
  4. Os edifícios unifamiliares com área igual ou inferior a \(50 m^{2}\).
  5. Os edifícios de comércio devolutos, até à sua venda ou locação.
  6. Os edifícios em ruínas
  7. As infraestruturas militares
  8. Os monumentos e os edifícios individualmente
  9. Os edifícios integrados em conjunto ou em sítios classificados

Ficam excluidos do REH:

  1. Edifícios não destinados a habitação
  2. Os monumentos e os edifícios classificados individualmente
  3. Os integrados em conjunto ou sítios classificados

1.0.12 Determinação da classe energética

A classe energética é determinada pela relação

\begin{equation} R_{Nt}=\frac {N_{tc}}{N_{t}} \end{equation}

onde,

  • \(R_{Nt}\) é o rácio de classe energética
  • \(N_{tc}\) é o valor das necessidades nominais anuais de energia primária
  • \(N_{t}\) é o valor limite regulamentar para as necessidades nominais anuais de energia primária.

A classe energética é classificada de A+ a F.

1.0.13 Dados Climáticos

Despacho 15793-F/2013, sendo retificado pela Declaração de retificação 130/2014.

Zonas Climáticas

Zona Climática de Inverno Zona Climática de Verão
I1 V1
I2 v2
I3 v3

Zona Climática de Inverno Definida a partir do número de graus-dia (GD) na base de 18 graus celsium, correspondente à estação quente

Critério GD \(\le\) 1300 1300 < GD \(\le\) 1800 GD > 1800
Zona I1 I2 I3

Valores de referência:

  • Z, cota local
  • M, duração de estação de aquecimento
  • GD, Número de graus dia, na base de 18 graus
  • \( \theta _{ ext,i }\), temperatura exterior média no mês mais frio
  • \(G_{sul}\), a energia solar média mensal durante a estação, recebida em uma superfície vertical orientada a sul.

Zona Climática de Verão

Definida a partir da temperatura média exterior, correspondente à estação de arrefecimento

Critério \({ \theta }_{ ext,v }\le 20C\) \({ 20C<\theta }_{ ext,v }\le 22C\) \({ \theta }_{ ext,v }>22C\)
Zona V1 V2 V3

As zonas climáticas são baseadas na nomeclatura das Unidades Territoriais para fins estatísticos - NUTSIII

Valores de referência:

  • Z, cota local
  • \(L_{v}\), duração de estação de aquecimento = 4 meses = 2928 horas
  • \( \theta _{ ext,v }\), temperatura exterior média no Verão
  • \(I_{sol}\), a energia solar acumulada durante a estação, recebida na horizontal (inclinação 0 graus) e em superficies verticais (inclinação 90 graus).

Parâmetros climáticos

  1. Os valores dos parâmetros X associados a um determinado local, são obtidos a partir os valores de referencia Xref e ajustados com base na altitude des e local;
  2. As correções de altitude, são do tipo linear, com declive a, de acordo com a seguinte expressão:
\begin{equation} X=X_{ref}+a \times (Z-Z_{ref)} \end{equation}

1.0.14 Requisitos de Comportamento Térmico

Requisitos da qualidade térmica da envolvente:

  • Opaca secção corrente (parede, pavimentos, coberturas);
  • Pontes térmicas planas (pilares, talões de viga, caixa de estores)
  • Envidraçados

Requisitos de Ventilação

Nos edifícios de habitação, o valor de taxa de renovação horária de ar calculado de acordo com as disposições previstas para o efeito em Despacho do Diretor-Geral de Energia e Geologia, deve ser igual ou superior a 0,4 renovação horária.

\[ R_{ph} \ge 0,4 \]

Requisitos de Necessidade de utilização de energia:

  • Aquecimento
  • Arrefecimento

1.0.15 Requisitos de eficiência de sistemas técnicos:

  • Requisitos Energéticos Limites de energia Primária
  • Requisitos de eficiência e funcionamento dos sistemas técnicos
  • Requisitos de contributo de energias renováveis

1.0.16 Requisitos Minímos de Qualidade Térmica

  • Os elementos e soluções construtivas de edificios novos e sujeitos a intervenções, devem estar devidamente caracterizados.
  • A caracterização térmica deve ser evidenciada através de marcação CE e de etiquetagem energética.

1.0.17 Coeficientes de transmissão térmica superficiais máximos admissiveis de elementos opacos \(U_{max}\)

Nenhum elemento da zona corrente da envolvente opaca do edificio, onde se incluem elementos construtivos de tipo paredes, pavimentos ou coberturas, deverá ter um coeficiente de transmissão térmica superior aos valores máximos que constam da Tabela I.05A, relativa a requisitos de qualidade térmica.

1.0.18 Pontes Térmicas Planas (PTP)

Todas as zonas de qualquer elemento opaco que constituem zona de ponte térmica plana (PTP), nomeadamente pilares, vigas, caixa de estores, devem ter um \(U_{PTP}\) calculado de forma unidimensional na direção normal à envolvente, não superior ao dobro dos elementos homólogos adjacentes (verticais ou horizontais) em zona corrente, Ucor, e que respeite sempre os valores máximos indicados na Tabela I.05A, mediante o cumprimento cumulativo das seguintes exigências:

\begin{equation} U_{PTP} \le 2 \times U_{corr} \end{equation}

em que esta verificação pode ser dispensada nas situações em que se verifique que é menor ou igual a o,9W(m2.C).

\begin{equation} U_{PTP} \le U_{max} \end{equation}

sendo o \(U_{max}\), para cada zona climática.

1.0.19 Fatores Solares máximos admissíveis em elementos dos vãos envidraçados \(g_{T}\)

Tabela I.06; Fator solar global do vão envidraçado com todos os dispositivos de proteção solar, permanentes, ou móveis totalmente ativados.

1.1 Envolvente e Área Útil

Envolvente O conjunto de elementos de construção do edifício ou fração, compreendendo as paredes, pavimentos, coberturas e vãos, que separam o espaço interior útil do ambiente exterior, dos edifícios ou frações adjacentes, dos espaços não úteis do solo.

Área Interior Útil de Pavimento O somatório das áreas, medidas em planta pelo perímetro interior, de todos os espaços interiores úteis pertencentes ao edifício ou fração em estudo.

Espaço Interior Útil O espaço com condições de referência no âmbito do REH, compreendendo compartimentos que, para efeitos de cálculo das necessidades energéticas, se pressupõe aquecidos ou arrefecidos de forma a manter a temperatura interior de referência de conforto térmico, incluindo espaços que, não sendo usualmente climatizados, devem ser considerados espaços com condições de referência.

Espaço Não Útil (ENU) Todos os locais fechados, fortemente ventilados ou não, que não se destinam a ocupação humana permanente. \newline Exemplo: Circulação comum, espaços comerciais; armazéns, arrecadação; casa das máquinas; arquivos; arrumos; garagens; varandas; marquises; lavandarias; estufa; jardins; coberturas com desvão; desvão sanitário; courettes.

Coeficiente de Redução de perdas. \(b_{tr}\) O cálculo das perdas de calor por transmissão em elementos que separam o espaço com condições de referência de espaços com temperatura ambiente diferente do ar exterior, como é o caso da envolvente interior, será afetado pelo coeficiente de redução de perdas \(B_{tr}\), que traduz a redução de transmissão de calor:

\begin{equation} { B }_{ tr }=\frac { { \theta }_{ int }-{ \theta }_{ enu } }{ { \theta }_{ int }-{ \theta }_{ ext } } \end{equation}

em que,

  • \( \theta_{ int}\) = temperatura interior
  • \( \theta_{ext}\) = temperatura exterior
  • \( \theta_{enu}\) = temperatura do local não útil

Se \(b_{tr} \ge 0,7\) :

Aplicam-se os requisitos minímos definidos para envolvente exterior conforme disposto no anexo da portaria 349-B/2013, ao elemento que separa o espaço interior útil do não útil, sendo então classificado como envolvente interior com requisitos de exterior.

Se \(b_{tr} \le 0,7\) :

Aplicam-se os requisitos definidos para a envolvente interior conforme disposto no anexo I da portaria referida no número anterior, ao envolvente que separa o espaço interior útil do não útil, sendo então classificado como envolvente interior com requisitos de interior.

Elementos em contacto com espaços não úteis:

Na impossibilidade de conhecer com precisão o valor da temperatura do local não útil, dependendo do uso concreto e real de cada espaço, admite-se que para alguns tipos de espaços não úteis pode tomar os valores tabelados do REH, em função da taxa de renovação do ar e de:

\begin{equation} \frac{A_{i}}{A_{u}} \end{equation}

e de \(V_{enu}\).

2 Part II

2.1 Elementos em contacto com o solo

tabela 03, rectificação 127/2014 \newline

O valor do coeficiente de transmissão térmica de elementos em contacto com o solo, \(U_{bf}\), determina-se com base nas tabelas 03 a 05, em função dos seguintes elementos:

  1. Dimensão característica de B'
  2. Resistência térmica de todas as camadas do pavimento \(R_{f}\), com exclusão de resistência térmicas superficiais
  3. Largura ou profundidade do isolamento D, respetivamente, no caso do isolamento perimetral horizontal ou vertical.
\begin{equation} B'=\frac{A_{p}}{0,5 \times P} \end{equation}

em que,

  • \(A_{p}\) é a área interior útil, medida em metros quadrados.
  • P é o perimetro exposto, caracterizado pelo desenvolvimento total de parede que separa o espaço aquecido do exterior, ENU, edifício adjacente e com o solo, medido pelo exterior (m).

2.2 Ponte Térmica Plana (PTP)

É uma heterogeneidade inserida em zona corrente da envolvente exterior ou interior, tais como pilares, talões de vigas e caixas de estores, por onde se considera uma perda térmica unidimensional por unidade de área de superfície

2.3 Pontes Térmicas lineares (PTL)

Corresponde à ligação de dois elementos construtivos exteriores ou em contacto com um espaço não útil com \(b_{tr} > 0,7\) e é uma singularidade da envolvente em que o fluxo térmico é bi ou tridimensional assimilada a uma perda térmica por unidade de comprimento (Psi) A ponte térmica é quantificada multiplicando valor de \(\psi\) pelo respetivo comprimento.

2.3.1 Coeficiente de transmissão térmica linear

Para efeitos de aplicação do regulamento, o valor do coeficiente de transmissão térmica linear pode ser determinado das seguintes formas:

  1. De acordo com as normas europeias em vigor, nomeadamente a ISO 10211
  2. Com recurso a catálogos de pontes térmicas, desde que o cálculo tenha sido efetuado de acordo com a Normas Europeias
  3. Com recurso aos valores indicados na tabela 07, despacho 15793-K/2013
  1. Não se contabilizam pontes térmicas lineares em:
    1. Paredes de compartimentos que intersetam paredes, coberturas e pavimentos em contacto com o exterior ou com espaços não úteis;
    2. Paredes interiores separando um espaço interior útil de um espaço não útil ou de um edifício adjacente, desde que \(b_{tr} \le 0,7\).

2.4 Taxa de Renovação de ar, \(R_{ph}\)

Despacho 15793-K/2013

Sempre que o edifíco esteja em conformidade com as disposições da norma NP 1037-1 no caso de edifícios com ventilação natural, ou da norma NP 1037-2 no caso de edifícios com ventilação mecânica centralizada. \newline O valor de \(R_{ph}\) a adoptar será o valor indicado no projeto de ventilação requirida por essa norma.

\newline Nos casos não abrangidos pelo disposto anteriormente, a taxa de renovação horária nominal, \(R_{ph}\), para efeitos do balanço térmico e para a verificação do requisito da taxa mínima de renovação de ar poderá ser determinada:

  1. De acordo com o método previsto na norma EN 15242, mediante a consideração do efeito da permeabilidade ao ar da envolvente, da existência de dispositivos de admissão de ar nas fachadas, das condutas de ventilação, dos sistemas mecânicos de efeito de chaminé e do efeito da ação do vento.
  2. De acordo com outros dados como alternativa ao previsto na alínea anterior, desde que tecnicamente adequados e justificados num projeto de ventilação.

Simplificação:

\begin{equation} \sum { { q }_{ janelas }({ \Delta }p_{ i })+\sum _{ i }^{ }{ { q }_{ cx.estores }({ \Delta p }_{ i })+\sum _{ i }^{ }{ { q }_{ grelhas }({ \Delta p }_{ i })+\sum _{ i }^{ }{ { q }_{ condutas }{ (\Delta p }_{ i })+\sum _{ i }^{ }{ { V }_{ fi }=0 } } } } } \end{equation}

A taxa de renovação de ar, \(R_{ph}\), corresponde à soma dos caudais de ar admitidos no edifício a dividir pelo volume interior útil do edifício.

3 Part III

3.1 Coeficiente de absorção da radiação solar

Despacho 15793-K/2013

solar

Figure 1: Planta de energia Solar: Nellis (wikipedia)

Valor necessário para o cálculo de ganhos solares na estação de arrefecimento em paredes e coberturas.

Cor- Tabela do Coeficiente de absorção da radiação solar,a

cor a
Clara (branca, creme, amarelo, laranja, vermelho-claro) 0,4
Média ( vermelho-escuro, verde-escuro, azul claro) 0,5
Escura (castanho, verde escuro, azul vivo, azul escuro o,8

3.1.1 Vãos Envidraçados

Despacho 15793-K/2013

Elementos a considerar nos vãos envidraçados:

  1. Proteção solar
  2. Fator solar
  3. Sombreamento
  4. Coeficiente de transmissão térmica

3.1.2 Fator Solar

É necessário calcular:

  1. \({ g\intercal }_{ vi }\) , fator solar do vidro
  2. \(g_{T}\), fator solar global do vão envidraçado com todos os dispositivos de proteção solar, permanentes ou móveis, totalmente ativados.
  3. \(g_{i}\), fator solar de Inverno
  4. \(g_{Tp}\), fator solar do envidraçado com todos os dispositivos de proteção solar permanentes existentes.
  5. \(g_{v}\), fator solar na estação de arrefecimento. Para efeitos de cálculo das necessidades de arrefecimento considera-se que, de forma a minimizar incidência da radiação solar, os dispositivos de proteção solar móveis, encontram-se ativos uma fração do tempo.
  6. \({ g }_{ T }^{ max }\), fator solar máximo
  1. Estação de Arrefecimento, \(g_{v}\)

    Para necessidades de cálculo das necessidades de arrefecimento, considera-se que de forma a minimizar incidência da radiação solar, os dispositivos de proteção solar móveis, encontram-se ativos uma fração do tempo.

    \begin{equation} { g }_{ v }={ F }_{ mv }{ g }_{ T }+(1-{ F }_{ mv }){ g }_{ Tp } \end{equation}

    em que:

    • \(F_{mv}\) é a fração de tempo em que os dispositivos de proteção estão abertos.
    • \(_{T}\) é o fator solar do vão envidraçado.
    • \(g_{Tp}\) é o fator solar do envidraçado com dispositivos de proteção solar.

    Se o vão envidraçado não tiver dispositivos de proteção solar permanentes:

    \begin{equation} g_{Tp}=F_{w,v} \times g\intercal_{ vi } \end{equation}

    em que \( F_{w}\) é o fator de correção de selectividade angular. \newline Se o vão envidraçado não tiver dispositivos de proteção móveis:

    \[ g_{v}=g_{Tp}\]

    Orientação do vão N NE/NW S SE/SW E/W H
    \(F_{mv}\) 0 0,4 0,6 0,7 0,6 0,9
  2. Fator de Obstrução da Radiação Solar, \(F_{s}\)

    O fator da obstrução solar dos vãos envidraçados, representa a redução na radiação solar que incide neste devido ao sombreamento permanente causado por diferentes obstáculos, designadamente:

    1. Obstáculos exteriores ou edificio
    2. Obstáculos criados por elementos do edifício
    \begin{equation} F_{s}=F_{h} \times F_{o} \times F_{f} \end{equation}

    em que,

    1. \(F_{h}\) é o fator de sombreamento do horizonte por obstruções exteriores ao edifício ou por outros elementos do edifício;
    2. \(F_{o}\) é o fator de sombreamento por elementos horizontais sobrejacentes ao envidraçado, compreendendo palas e varandas.
    3. \(F_{f}\) é um fator de sombreamento por elementos verticais adjacentes ao envidraçado compreendendo palas verticais, outros corpos ou partes de um edifício.

    Sombreamento (sempre):

    \begin{equation} X_{j} \times F_{h} \times F_{o} \times F_{f} \ge 0,27 \end{equation}

    em que \(X_{j}\) é o fator de orientação para as diferentes exposições solares:

    Orientação do vão N NE/NW S SE/SW E/W H
    \(X_{j}\) 0,27 0,33 1 0,84 0,56 0,89
  3. Sombreamento do horizonte por obstrução, \(F_{h}\)

    O fator de sombreamento do horizonte traduz o efeito do sombreamento provocando por obstruções longínquas exteriores ao edifício ou edifícios vizinhos dependendo do ângulo do horizonte, latitude, orientação, clima local e da duração da estação de aquecimento

    1. N estação de arrefecimento (despraza-se o valor) \(F_{h}=1\)
    2. Na estação de aquecimento, tem de ser calculado para cada vão.

    O ângulo de horizonte é definido como o ângulo entre o plano horizontal e a reta que passa pelo centro do envidraçado e pelo ponto mais alto da maior obstrução existente entre dois planos verticais que fazem 60 graus para cada um dos lados da normal ao envidraçado. \newline Não havendo dados, \(\alpha = 45\) para zonas urbanas, e \(\alpha=20\) para edificios isolados.

  4. Sombreamento por elementos horizontais, \(F_{o}\)

    O fator de sombreamento por elementos horizontais sobrejacentes aos vãos envidraçados: usar tabela 16 para a estação de aquecimento e a tabela 17 para a estação de arrefecimento

  5. Sombreamento poe elementos verticais, \(F_{f}\)

    Para o fator de sombreamento pro elementos verticais dos vãos envidraçados, usar a tabela 18 para a estação de aquecimento e a tabela 19 para a estação de arrefecimento. \new line No caso de existirem palas verticais à esquerda e ã direita, o fator \(F_{f}\) será o produto dos fatores relativos aos ângulos, provocados por cada uma das palas. \newline Para contabilizar o efeito de sombreamento provocado pelo contorno do vão e excepto se este se situar à face exterior da parede, deverá acontecer a seguinte situação: \( F_{o} \times F_{f}<0,9\).

  6. Fração Envidraçada, \(F_{g}\)

    O fator de correção de seletividade angular dos envidraçados, traduz a redução dos ganhos solares causada pela variação das propriedades do vidro com o ângulo de incidência da radiação solar direta.

    1. Coeficiente de Transmissão Térmica

      Nos vãos envidraçados, o coeficiente de transmissão térmica diz respeito ao conjunto, caixilharia e vidro: \(U_{W}\). \newline Nas frações com ocupação noturna é importante considerar o efeito que a proteção solar tem no conjunto do vão envidraçado. \newline \(U_{wdn}\), traduz o coeficiente de transmissão térmica do vão com o sistema de proteção solar ativo. Para a determinação do coeficiente de transmissão térmica deve-se consultar a ficha técnica do fabricante. Na impossibilidade de se consultar o fabricante, pode-se recorrer ao ITE 50, para obtenção desse valor.

      Vão Interior Na estação de aquecimento, considera-se que os elementos opacos da envolvente exterior do ENU causam sombreamento ao vão interior. Na estação de arrefecimento assume-se que a envolvente exterior do ENU não provoca sombreamento ao vão interior.

  7. Fator Solar Máximo, \(g_{max}\)

    Fator que determina os requisitos minímos dos vãos envidraçados. \newline Sempre que a área de um envidraçado seja superior a 15% da área do pavimento e desde que não orientadas a Norte.

    1. Se \(A_{env} \le 0,15 A_{pav}\) :
      \begin{equation} g_{T} \times F_{o} \times F_{f} \le g_{T,max} \end{equation}
    2. Se \(A_{env} > 0,15 A_{pav}\):
      \begin{equation} g_{T} \times F_{o} \times F_{f} \le g_{T,max} \times \frac { 0,15 }{ \left( \frac { { A }_{ env } }{ { A }_{ pav } } \right) } \end{equation}

3.2 Fichas de Cálculo

Portaria n.349-C/2013 Portaria n.405/2015

3.2.1 Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação

  • A - Transferência de calor por transmissão
  • B - Transferência de calor por ventilação
  • C - Ganhos térmicos na Estação de Aquecimento
  • D - Ganhos Térmicos na Estação de Arrefecimento
  • E - Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento
  • F - Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento
  • G - Necessidades nominais anuais globais de energia primária
  1. A - Transferência de Calor por Transmissão

    Para o cálculo do valor da transferência de calor por transmissão tem de se ter em conta todos os elementos da envolvente:

    • A.1 Envolvente exterior. Pontes térmicas lineares de acordo com o Despacho 15793-K
    • A.2 Envolvente interior
      • Elementos Opacos em contacto com espaços não úteis
      • Vãos envidraçados em contacto com espaços não úteis
      • Pontes térmicas lineares, apenas para paredes de separação para ENU com \( b_{tr} \le 0,7\).
    • A.3 e A.4 Elementos em contacto com o solo
      • Somatório da transmissão de calor por:
        • Elementos em contato com o solo
        • Pavimentos enterrados
        • Pavimentos térreos
  2. A - Transferência de calor por transmissão de referência

    Para o cálculo do valor da transferência de calor por transmissão de referencia tem de se ter em conta todos os elementos da envolvente, considerando os valores de referência previstos no regulamento (Portaria 349-B):

    • Envolvente exterior
    • Envolvente Interior
    • Elementos em contacto com o solo
  3. B - Transferência de calor por ventilação

    Para o cálculo do valor da transferência de calor por ventilação é necessário saber os valores de:

    • \(R_{ph,i}\)
    • \(R_{ph,v}\)
    • \(R_{ph,Ref}\)
    • Vins
    1. Folhas de Cálculo
      • B.1 - Estação de Aquecimento
      • B.2 - estação de Arrefecimento
      • B.3 - Estação de Arrefecimento

3.3 Necessidade de Energia

Despacho 15793-I/2013

Estabelece as metodologias de cálculo para determinar as necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento e arrefecimento ambiente, as necessidades nominais de energia útil para a produção de águas sanitárias (AQS) e as necessidades nominais anuais globais de energia primária. -> Declaração de Retificação n.128/2014

Portaria n.349-B/2013 //

Define a metodologia de determinação da classe de desempenho energético para a tipologia de pré-certificados e certificados SCE, bem como os requisitos de comportamento técnico e de eficiência dos sistemas técnicos dos edificíos novos e edificios sujeitos a grande intervenção. -> Portaria n.379-A/2015

Portaria n.349-C/2013 // Estabelece os elementos que deverão constar dos procedimentos de licenciamento ou de comunicação prévia de operações urbanisticas de edificação, bem como de autorização de utilização. -> Declaração de Retificação n.4/2014

3.3.1 Necessidade Energia na Estação de Aquecimento

\(N_{ic}\) - Necessidades anuais de energia útil para aquecimento. //

\(N_{i}\) - Necessidades nominais de Energia Útil para aquecimento

\[ N_{ic} \le N_{i} \]

3.3.2 Necessidades Anuais de energia útil para Aquecimento, \(N_{ic}\)

\begin{equation} \label{eq:1} N_{ic}= \frac{Q_{tr,i}+Q_{ve,i}-Q_{gu,i}}{Ap} \end{equation}

Em que:

  • \(Q_{tr,i}\) - Transferência de calor por transmissão através da envolvente na estação de aquecimento em kWh;
  • \(Q_{ve,i}\) - Transferência de calor por ventilação na estação de aquecimento, em kWh;
  • \(Q_{gu,i}\) - Ganhos de calor úteis na estação de aquecimento, em kWh;
  • Ap - Área interior útil de pavimento do edifício em \(m^{2}\)
  1. Transferência de Calor através da Envolvente na Estação de Aquecimento, \(Q_{tr,i}\)
    \begin{equation} \label{eq:Qtri} Q_{tr,i}=0,024 \times GD \times H_{tr,i} \end{equation}

    em que:

    \[ H_{tr,i}=H_{ext}+H_{enu}+H_{adj}+H_{ecs} \]

    Obs: \(H_{tr,i}\) é o coeficiente global de transferência de calor por transmissão na estação de aquecimento

  2. Transferência de calor por renovação de ar, sem recuperador de calor, \(Q_{ve,i}\)
    \begin{equation} \label{eq:Qvei} Q_{ve,i}=0,024 \times GD \times H_{ve,i} \end{equation}

    em que:

    • GD é obtido do Despacho 15793-F/2013
    • \(H_{ve,i}\) é o coeficiente global de transferência de calor por ventilação na estação de aquecimento
    \begin{equation} \label{eq:Hvei} H_{ve,i}=0,34 \times R_{ph} \times Ap \times P_{d} \end{equation}

    em que:

    • \(R_{ph}\) é a taxa nominal de renovação de ar interior na estação de aquecimento [\(h^{-1}\)]
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Author: Louie Moura

Created: 2016-12-15 Thu 12:29

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