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Fases de um Empreendimento

L.Moura / 2016-06-03


Este trabalho é uma cópia parcial dos apontamentos do professor António Duarte 1, da classe de Gestão de Empreendimentos, do curso de Engenharia Civil da ESTG. É apresentado de uma forma sumária, as sete etapas decorrentes da elaboração e execução de um Empreendimento, com especial focus, na área da Engenharia Civil. O conceito aqui apresentado, é o que mais se aproxima do que se poderá considerar as melhores práticas portuguesas.

Fase de análise de Viabilidade

Definição do âmbito

Processo interativo envolvendo gestor, consultores e Promotor. O promotor (devidamente esclarecido) tem que tomar muitas decisões nesta fase.
Estabelecer as metas a atingir, os meios a utilizar e os custos.

  1. Definir e justificar as caraterísticas do empreendimento Por vezes é necessário recorrer a estudos especializados, por exemplo, estudos de mercados.
  2. Identificar o enquadramento legal.
  3. Produzir desenhos que descrevam o projeto
  4. Definir modelo de funcionamento do empreendimento
  5. Planeamento temporal (calendarização)
  6. Métodos de construção, soluções técnicas. Consideração de alternativas.
  7. Quantificar custos (estimativa)
  8. Planear financiamento

Elaboração de estudos de viabilidade

Análise de problemas de engenharia (técnicos), económico-financeiros, ambientais, políticos, sociais, comerciais, jurídicos, etc.

É com base na análise dos resultados destes estudos que se constroem as diferentes variantes possíveis de um projecto de investimento, assim como o registo previsional das receitas e despesas de cada uma delas.

Viabilidade Técnica Os estudos preliminares têm que se focar nos seguintes aspetos:

Viabilidade Económico-Financeira, Analisar as necessidades de financiamento e justificar o retorno financeiro previsto. Minimizar os riscos do investimento.

Viabilidade política e de enquadramento institucional, O apoio político social ao empreendimento é muito importante: Existência de infra-estruturas que podem não ser um encargo do empreendimento: escolas, habitação, estradas Estímulos à geração de empregos com oferta de contrapartidas (cedência de terrenos, …) Apoios financeiros ao investimento a fundo perdido ou a taxa reduzida (apoios comunitários QREN Quadro de Referência Estratégica Nacional), isenção de impostos durante um determinado período de tempo.

Avaliação do Empreendimento

Avalia se o empreendimento é exequível. Aprova ou desaprova o projeto considerando conjuntamente todos os aspetos económico-financeiros, ambientais, de saúde e segurança, de qualidade e desempenho, etc.

  1. Algumas técnicas específicas de apoio à decisão:

    Análise Multicritério - Problemas de decisão (ou indecisão)

    • Modelação Matemática de problemas para encontrar a solução otimizada (investigação operacional).
    • A realização empreendimentos implica problemas muito complexos e difíceis de resolver apenas pela intuição => Análise Multicritério
    • Os problemas a resolver têm uma realidade multidimensional onde todos os aspetos relevantes devem ser individualizados e considerados.
    • Os diversos critérios a ter em conta simultaneamente muitas vezes são conflituantes.

    Avaliação Financeira Verificar se os proveitos são superiores aos custos, tendo em conta condições atuais e futuras.

    • A importância de saber lidar em engenharia com um recurso universal simbólico no qual os outros recursos podem ser convertidos > dinheiro.

    • Implica a avaliação de ativos reais (corpóreos – edifícios, incorpóreos – projetos, contratos, patentes, IMAGEM/BRAND…) que permitam realizar mais-valias. A avaliação e monetarização de ativos é um fator de erro.

    Avaliação Custo/Benefício Avalia o valor económico-social de projetos no setor público, ajuda a comparar alternativas em empreendimentos como transportes, educação, saúde.

    • Considera os custos e os benefícios (perdas e ganhos / comerciais e não comerciais) de cada grupo/membro da sociedade cujo bem-estar é afetado pelos empreendimentos.

    Métodos de Participação (Discussão Pública) Avaliação usada em processos de planeamento cuja ação se foca numa discussão permanente entre as entidades envolvidas. Há uma participação ativa de grupos sociais e instituições governamentais.

    Avaliação Ambiental Devido à dimensão de muitos dos projetos atuais a utilização de recursos não pode ser desligada da qualidade do meio ambiente. Interesse público defendido através de legislação e organizações ambientalistas.

Implementação da Estratégia

Definição de como o projeto é desenvolvido e gerido

Controlo de Custos

O orçamento tem que ser cumprido. É necessário estabelecer procedimentos de controlo:

Contratação

Escolher processos e métodos de contratação dos participantes no projeto técnico e na construção. Métodos de contratação:

Seleção e Aquisição de terrenos/instalações

Tão cedo quanto possível porque influencia outras decisões Estabelecer as exigências e objetivos do terreno a utilizar nas construções:

Investigação dos terrenos/instalações selecionados

Investigação mais exaustiva dos terrenos para atualizar os estudos de viabilidade:

Pré-Construção

Ponto da situação: No início desta fase existem:

Gestão de Projetos Técnicos

Elaboração de projetos de arquitetura e engenharia detalhados e completos (incluindo desenhos de execução, medições e orçamento, caderno de encargos).

Atividades próprias desta fase a desenvolver pelo Gestor

Preparação da Construção e Concursos

Funções do Gestor:

Construção

Inicialização

Implementação de um sistema de controlo

Asegurar que empreiteiros, projetistas, fiscalização e consultores cumprem os objetivos em termos de calendarização, custos e qualidade.

Monitorização de projetistas e executantes

Monitorizar o funcionamento dos intervenientes na construção de modo a assegurar:

Controlo de Alterações

Relatórios

Permitem tomar conhecimento do que acontece no empreendimento e consequentemente resolver problemas atempadamente e tomar medidas que melhorem o funcionamento do empreendimento.

  1. Relatório Gestor->Promotor

    O gestor apresenta ao Promotor relatórios periódicos e outros (sempre que ele os peça) cujas cópias devem ser enviadas às partes envolvidas sempre que conveniente. Deve incluir:

    • Progressão do projeto técnico ou construção
    • Problemas surgidas e medidas para os resolver
    • Outras decisões que tenham que ser tomadas
    • Atualização de previsões de custos e prazos
    • Controlo de custos

    Prever a elaboração de outros relatórios: Relatórios semanais com o resumo das atividades efetuadas durante a semana (iniciadas, em curso, terminadas). Referência às que são efetuadas na semana seguinte. Comparação entre executado e planeado com explicitação dos desvios.

    Relatórios mensais com o estado de desenvolvimento de cada atividade e a comparação do executado com o planeado com um apuramento dos desvios verificados no mês e dos desvios acumulados.

  2. Empreiteiro (diretor de obra), fiscalização, projetistas, laboratórios -> Gestor

    • Atas das reuniões periódicas/extraordinárias
    • Autos de medição Relatórios de ensaios
    • Documentos de homologação/certificação
    • Pareceres de entidades diversas (projetistas,…)
    • Relatórios semelhantes aos “outro relatórios” que o Gestor entrega ao Promotor

Controlo de Qualidade

Monitorar o cumprimento do plano de gestão de qualidade

Conclusão e Receção

Ocupação e Exploração

Em geral envolve a ocupação por pessoas e depende da finalidade do empreendimento. As operações de manutenção devem ser previstas e planeadas

Revisão e Fecho

Relatório final

Arquivo de projetos atualizados

(entrega de telas finais nas entidades licenciadoras)

Manuais de equipamentos e certificados de vistorias.

Footnotes

1 Professor do Departamento de Engenharia Civil, na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria